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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Brasil: produção x emprego

No Brasil e em qualquer outra nação, o processo de produção guarda relação direta com a geração de emprego e renda. Na medida em que se mobiliza maior número de fatores de produção na atividade produtiva, melhor tende a ser o comportamento dos indicadores econômicos e sociais.

Para que isto se verifique, é necessário que a política fiscal tenha como propósito a expansão, e não a retração da economia. O sucesso ou o fracasso desta política na condução da expansão econômica tem como ponto de sustentação o capítulo da distribuição de renda, isto porque é neste pilar que as ações do governo tendem a criar os mecanismos para o crescimento da produção com fins de uma melhor distribuição de renda.

Como o governo influencia nesta questão? Concedendo subsídios que podem ser fiscais e/ou financeiros. Há registro desta atuação do governo central nestes últimos meses para movimentar de forma positiva a economia? Há. Qual? O de isenção do IPI em setores estratégicos e o de redução dos juros para aquisição de bens de capital nos financiamentos provenientes do BNDES.

Percebe-se ao longo do ano uma modificação deste cenário em razão dos efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. A princípio teve-se retração dos investimentos por parte do setor produtivo motivado pela redução do crédito e encarecimento das taxas de juros nos mercados e em seguida teve início um processo de recuperação.

Pode-se dizer que o processo de recuperação se deu em todos os setores ou em caráter apenas pontual. Os setores cuja demanda maior vinha do mercado americano e europeu sofreram de fato as maiores perdas, enquanto que os segmentos destes mesmos setores que trabalham apenas o mercado interno as perdas não foram tão grandes assim.

Feito estas considerações, podemos analisar o comportamento do emprego no mês de agosto do corrente ano, apurado pelo Cadastro Geral de Desempregados e Empregados – Caged –, integrante do Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o Caged, foram gerados em agosto 242.128 empregos com carteira assinada no País. Crescimento relativo sobre o estoque de seletistas do mês anterior de 0,75%.

O bom resultado foi puxado pelo setor de serviços com 85.568 empregos cujo crescimento em relação ao mês anterior foi de 0,66% e pela indústria de transformação com 66.564 novos empregos com carteira assinada, crescimento de 0,92% no mesmo comparativo. O destaque negativo veio da atividade agropecuária, que fechou mais postos de trabalho do que abriu. Em números absolutos, fechou o mês com uma demissão maior que 11.249 trabalhadores, queda de 0,66%.

No setor de serviços, os maiores destaques vieram dos seguintes segmentos: comércio e administração de imóveis (+25.732), alojamento e alimentação (+21.885), serviços de ensino (+19.156) e serviços odontológicos (+9.125). O comércio foi responsável por +56.813 postos de trabalho, constituindo o melhor resultado da série histórica para o período.

Na indústria, os segmentos que apresentaram melhores resultados foram: produtos alimentícios (+22.614), téxtil (+9.238), calçados (+8.974) e metalurgia básica com (+5.982). A construção civil não ficou atrás; gerou no período +39.957 empregos ressaltando a importância dos incentivos fiscais federais concedidos ao setor como forma de reduzir os impactos negativos da crise financeira internacional que ainda promove estragos nas economias presentes na esfera global.

Há um dado que ainda preocupa, a diferença entre o número de postos de trabalho abertos e fechados. Para se ter uma ideia da gravidade deste ponto depara-se com a seguinte situação, o somatório dos postos abertos nos Estados totalizou 1.115.824, enquanto que os postos fechados alcançaram 936.898. Em média, adentram o mercado informal ou engrossam a fila de pedintes nos semáforos das grandes metrópolis mais de 100.000 trabalhadores.

São Paulo cuja economia é bastante dinâmica gerou +77.983 empregos com crescimento de 0,73%. Os segmentos que mais contribuíram para o alcance deste resultado foram: serviços (+27.882), comércio (+24.482) e a indústria de transformação (+11.183).

Minas Gerais, cuja economia apresenta certa diversificação produtiva, obteve evolução do emprego no período, mas, quando comparado com o ano anterior, deixou muito a desejar. Em agosto de 2008, o Estado tinha gerado +19.770 postos de trabalho com carteira assinada; no mesmo período deste ano, alcançou +8.613 postos, mostrando que os efeitos da crise para os Estados cujas economias são mais dinâmicas foram fortes. Neste caso, a queda foi de 43,6%. Goiás, ao contrário dos Estados aqui mencionados, vem obtendo resultados significativos em razão de sua economia apresentar baixo dinamismo econômico. Tem forte ligação com o agronegócio. Em termos absolutos, gerou no período analisado +6.554 postos de trabalho, posicionado-se em primeiro lugar no Centro-Oeste. Os setores da atividade econômica que mais contribuíram para o alcance deste resultado foram: indústria de transformação (+1.754), construção civil (+1.347) e o comércio (+1.327). Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi pequena, 0,09%. Isto porque na crise os produtos alimentícios praticamente não apresentaram quedas de produção e comercialização. Neste sentido, o atraso em termos de consolidação da matriz industrial em relação aos Estados de São Paulo e Minas Gerais mostrou-se uma vantagem. Com a crise, os segmentos de bens e serviços intermediários e de bens de capital produzidos nas economias mais dinâmicas foram mais afetados do que o segmento de bens de consumo leves, onde se encontra grande parte da produção goiana, razão pela qual o desempenho desta economia tanto no aspecto da produção como na geração de emprego em termos proporcionais têm surpreendido.

Fica aí mais um ponto de reflexão para economistas e contadores.

Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/brasil_producao_x_emprego

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