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sábado, 26 de setembro de 2009

Economia: volta no tempo

No Brasil, em que pesem os avanços verificados nas estatísticas nacionais, muito há que se melhorar, pois a análise dos mais importantes indicadores econômicos e sociais exige dos analistas um exercício de memória, haja vista que os números oficiais normalmente saem com dois anos de atraso.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou no último dia 24 de setembro o Cadastro Central das Empresas – Cempre, do ano de 2007, mostrando os avanços de alguns indicadores em relação ao ano de 2006.


A taxa de ocupação assalariada cresceu em 2,6 milhões de pessoas ou (7,5%), pois passou de 34,1 para 36,7 milhões de pessoas, isto em razão do aumento do número de empresas e da empregabilidade de cada uma.


O número de empresas naquele ano comparado com o número apresentado no ano imediatamente anterior cresceu 2,7%, passando de 4,3 para 4,4 milhões de unidades. Este conjunto de empresas e organizações ocupou 42,6 milhões de pessoas, sendo 36,7 milhões com carteira assinada, refletindo positivamente no aumento da receita da previdência, em razão das novas contribuições mensais. Caso o governo não tivesse nos anos seguintes ampliado acima de sua capacidade os salários dos aposentados, em que pese o direito dos mesmos de melhorarem suas aposentadorias, tendo em vista as perdas incorridas com a inflação nos anos que se seguiram, o deficit da previdência em 2009 não estaria em (15%).


Em 2007, os salários e outras remunerações pagos totalizaram R$ 603 bilhões, com crescimento de (1,9%). Em média, (56,5%) dos trabalhadores receberam três salários mínimos, que na época perfazia um total de R$ 373,08.


Segundo a classificação nacional de atividades econômicas Cnae 2.0, os segmentos que mais se destacaram naquela época em relação ao período anterior foram o comércio de veículos automotores e motocicletas responsáveis por 46,0% do total de unidades empresariais, a construção civil, por ter sido a atividade que mais cresceu em pessoal ocupado e os setores de eletricidade e gás, por pagar os maiores salários médios mensais.


Em termos regionais, a concentração tanto das unidades empresariais (51,2%) quanto do pessoal ocupado (52,3%) continuava a cargo da região sudeste de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, isto em função das políticas públicas praticadas no período de implantação e operacionalização do programa de substituição de importações no País, que proporcionaram a estas unidades federadas situações diferenciadas em relação aos demais Estados.


Em seguida veio a Região Sul, com (22,5%) do número de unidades empresariais e organizações e (18%) do pessoal ocupado; o Nordeste, com (15,7%) das empresas e/ou entidades e (17,2%) do pessoal ocupado. Ao Centro- Oeste na época coube (7,2%) das unidades empresariais e (7,7%) do pessoal ocupado, e finalmente o Norte, com (3,4%) das organizações empresariais e (4,9%) do pessoal ocupado. Este cenário mostra o quanto é necessária a permanência das políticas regionais de desenvolvimento centradas em subsídios fiscais e financeiros no sentido de oportunizar às regiões menos dinâmicas a tração e a formação de novos investimentos. Políticas neste sentido são importantes e se refletem de forma positiva naquelas regiões onde estas políticas transmitem mais segurança aos investidores, caso específico da praticada na região Centro-Oeste, mais especificamente em Goiás. Nesta região, (4,2 salários mínimos) e no sudeste (3,8 salários mínimos), os salários médios ficaram acima da média nacional. No Centro-Oeste, pela ousadia das políticas de desenvolvimento regionais, e no Sudeste, face o dinamismo de sua economia construída no passado por subsídios fiscais federais em harmonia com os programas dos Estados que a compreendem.


A pesquisa revelou que empresas de grande porte não só empregam mais, mas principalmente pagam maiores salários. Nestas, o salário médio mensal correspondeu a (3,4 salários mínimos), enquanto que empresas menores cujo número de empregos variou de (0 a 9) pagaram em média (1,8 salário mínimo). A meu ver, a principal causa que as diferencia no montante de pagamento de salário diz respeito às condições de crédito. Para as médias e grandes, na época o crédito era farto enquanto que para micro e pequenas a restrição desta variável já era grande. Situação que vem sendo mantida ao longo do tempo e que fez com que estes segmentos enfrentassem a crise financeira internacional eclodida em 2008 e que ainda afeta a economia brasileira de maneira diferente.


No cenário atual, as médias e grandes empresas sentiram os efeitos da crise pelo encarecimento e falta do crédito, enquanto que as micro e pequenas só a perceberam pela retração em suas vendas.


Eis aí os resultados da pesquisa que, embora com uma defasagem de tempo, nos dá condições de olhar para o passado e tentar entender o presente, muito embora haja uma adversidade de cenários.


A complexidade que envolve a economia requer que a cada dia as empresas e as organizações abram espaço para os economistas e contadores com foco em análise de mercado. Aos primeiros cabem entender os meandros da macroeconomia e aplicar seus conhecimentos na microeconomia (empresas e ou organizações), enquanto que aos segundos cabem, além dos registros, análises que os auxiliem na tomada de decisões.

Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/economia_volta_no_tempo_

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