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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Crise: empregabilidade no Brasil e em Goiás

Segundo os dados divulgados esta semana pelo Cadastro de Empregados e Desempregados – Caged –, do Ministério do Trabalho e Emprego, o mês de junho proporcionou um saldo positivo de 119.495 empregos entre admitidos e demitidos no País. O que implica em dizer que foram abertos no mês 1.356.349 oportunidades de trabalho formal e ao mesmo tempo foram fechadas as portas para 1.236.854 trabalhadores, com uma variação positiva de 0,37% ponto percentual em relação ao mês de maio deste ano. Quando se divide o saldo de empregos verdadeiramente criados pelo número de Estados que compõem a federação brasileira, incluindo nesta conta também o Distrito Federal, conclui-se que o número médio de empregos gerados por unidade alcança, em média, 4.426 postos de trabalho.

No entanto, o perfil econômico de cada unidade federada aliada às conjunturas econômicas nacional e internacional é que influenciará de fato o desempenho de cada um, Isto em razão do processo de globalização em curso, que engloba todas as economias mundiais. Diante deste fato os Estados que apresentaram os melhores resultados em relação ao número de empregos gerados no período analisado foram: MG (45.596); SP (27.602), o ES (- 6.651) e o DF (-3.551) apresentaram os piores resultados dentro deste aspecto. Goiás alcançou o quarto lugar, em termos de geração e permanência no emprego, pois efetivou novos (7.348) postos de trabalho. No acumulado do ano melhorou uma posição, já que o saldo entre os trabalhadores admitidos e demitidos alcançou (44.920), com variação relativa de 5,23%) pontos percentuais.

A elevação do emprego em junho no País decorreu do bom desempenho da quase totalidade dos setores que compõem a atividade econômica. Destaque para a agricultura, serviços, construção civil e o comércio, a exceção ficou com o setor de extração mineral que retirou 26 trabalhadores a mais que contratou. Na atividade agrícola foram efetivados (57.169) postos de trabalho, sendo seguida pelo setor de serviços com (22.877) postos, a construção civil com (18.321) empregos e o comércio com (14.606) novas oportunidades de trabalho. A indústria de transformação apresentou um resultado em termos de efetivação do emprego abaixo do esperado com apenas (2.001) novos postos de trabalho. O que coloca em questão principalmente à redução do IPI, para automóveis e eletrodomésticos, isto pelo fato de que estes seguimentos tendem a gerar atividades complementares favoráveis a geração de um maior número de empregos, pois movimentam a economia pelos seus efeitos multiplicadores.

Dos doze ramos que compõem o setor de transformação, seis apresentaram resultados mais satisfatórios, com destaques a Produtos Alimentícios (+6.387) postos; Químicos (+3.320) postos e de origem têxtil (+2.570) postos, o lado negativo ficou por conta dos segmentos de Metalúrgica (-4.286) postos de trabalho e Mecânica (-1401) oportunidades de trabalho. Por regiões, os resultados são mais animadores já que reflete o crescimento generalizado pela segunda vez consecutiva em todas elas. Sudeste (+ 72.002), postos de trabalho, seguida das regiões: Nordeste (+25.070) empregos; Centro-Oeste (+11.187), novos postos de trabalho; Sul (+5.691) postos e o Norte (+2.570) empregos com carteira assinada. Isto explica o desempenho favorável obtido pelo estado de Goiás, no mês haja vista que seu perfil industrial assenta basicamente na produção de alimentos, remédios e produtos de origem têxtil.

Pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas – Cepem –, das Faculdades Alfa, realizada junto a 509 empresas na Capital do Estado de Goiás reforça os resultados encontrados na pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tendo em vista que apenas 30% dos empresários entrevistados disseram que aumentaram o número de postos de trabalho enquanto 70% mantiveram em um primeiro momento os trabalhadores e com o agravamento da crise financeira internacional acabaram tendo que demitir um número um tanto quanto significativo de trabalhadores, em (44.920) trabalhadores nos primeiros seis meses deste ano. Do total pesquisado (89,4%) dos empresários se encontram na faixa de micro e pequenos, (9,4%) são médios empreendedores e apenas (1,2%) se constituem de grandes empresários.

No que tange à percepção da crise, a pesquisa Alfa mostra que o estrangulamento financeiro global atinge estes segmentos de maneiras diferentes. Os micros e pequenos historicamente têm dificuldade de acesso ao crédito, por esta razão realizam seus investimentos com recursos próprios, portanto a percepção da crise por parte destes não vem com a retração do crédito e das vendas. Entre os pesquisados no mercado goiniense, 56% disseram que o volume de vendas no período analisado apresentou queda de (82,2%). Os médios e grandes empresários, por sua vez, perceberam a influência da crise pela retração do crédito e do encarecimento das operações financeiras, já que só investem quando encontram no mercado recursos subsidiados. Nestas condições passam a utilizar menos capacidade instalada de suas empresas; com isso, ficam mais sensíveis à queda nas vendas. Assim ocorrendo para manter suas margens acabam por demitir um maior número de trabalhadores.

Dos empresários pesquisados, 48% se encontram no comércio varejista e 39% no setor atacadista, enquanto que os 13% restantes se encontram espalhados em outras atividades comerciais e industriais. Destaques para os segmentos de alimentação, bebidas, produtos químicos e de origem têxtil, que se constituem na fase menos dinâmica do processo de desenvolvimento. Na verdade, se por um lado Goiás está em termos industriais mais atrasado em relação a São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná, por outro vem ganhando de forma proporcional destas unidades federadas com o estado de crise, haja vista, que o perfil de sua produção tende a manter ou aumentar o consumo, ficando tão-somente na dependência do efeito substituição, e em razão desta variável deixa de consumir o produto mais caro buscando sempre no mercado o de menor preço tendo em vista a existência de um processo não contínuo de majoração de preços de alguns produtos. Outro dado relevante da Pesquisa Alfa deve-se à necessidade ou não do processo de capacitação continuada. Do quantitativo de empresários pesquisados na cidade de Goiânia, no período compreendido de janeiro a junho do corrente ano, 24% entendem que a qualificação constitui-se em requisito fundamental para a permanência da empresa no mercado enquanto 76% ainda não despertaram para a importância desta variável e que se encontra ligada diretamente ao aumento da produção e da produtividade de seus negócios. Neste cenário adverso, perdem as empresas que não consideram esta variável importante como também os trabalhadores, pois para se manter nos empregos devem se colocar como multifuncionais – o problema é que para atingir tal nível tem que custear por conta própria o processo de qualificação. Caso não faça isso, ficará fora do mercado, pois quando os empresários necessitam de mão-de-obra qualificada buscam no mercado; o grande problema é que em não as achando no mercado local as trazem de fora retirando com isto as oportunidades do trabalhador proveniente da capital do Estado.

Fica, portanto, mais um ponto para reflexão dos empresários.

Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/crise_empregabilidade_no_brasil_e_em_goias

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