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sexta-feira, 30 de abril de 2010

ECONOMIA : A SAGA DOS JUROS

Não obstante aos apelos do mercado, mas uma vez o Comitê de Política Monetária, os desconheceu e elevou a taxa de juros selic para 9,50% ao ano. A justificativa assenta na possibilidade de inflação para os próximos meses, devido o estado de aquecimento da economia.
A retórica é pobre, falta na verdade criatividade por parte dos técnicos da autoridade monetária, para por em prática uma política monetária que verdadeiramente atenda os interesses da nação brasileira, qual seja, a que proporcine crescimento econômico com estabilidade .
O ato de elevar a taxa de juros para reduzir as taxas de inflação ou mesmo não deixá-las subir, é o mesmo que por analalogia comparar tal medida a de técnicos de futebol que trocam os laterais por laterais, zagueiros por zagueiros, meias por meias, ao invés de mexer com os mesmos em campo, provocando uma mudança tática para que o time alcançe seus objetivos.
Não precisa ser economista para saber que os preços guardam relação direta com a oferta e procura por bens e/ou serviços no mercado. Se a procura aumenta e a oferta permaneçe a mesma ocorrerá alta nos preços ou inflação, do contrário haverá deflação. Pergunta-se controla-se preços apenas com juros? Claro que não, estas variáveis podem também ser controladas em uma economia de mercado com o aumento da oferta.
Para que haja aumento da oferta a taxa de juros no mercado tem que ser capaz de estimular os investimentos, principalmente em máquinas e equipamentos, melhorando com isso a qualidade e a produtividade dos produtos a serem disponibilizados no mercado. Para além dos bens de capital, as empresas que promovem o desenvolvimeto, necessitam também de recursos subsidiados, cujos custos financeiros, já são onerosos e tendem a ficar ainda mais caros com alta dos juros puxada pelo Banco Central.
A ação da autoridade monetária atinge outros setores tais como: o endividamento público e o mercado de câmbio. A alta dos juros amplia a dívida pública interna e abre caminho para uma maior desvalorização do dólar frente ao real. Aumenta a dívida pois há correção nos juros que remuneram os títulos públicos, colocados no mercado para enxugar a liquidez e ao mesmo tempo capitalizar o estado de recursos que seriam direcionados ao consumo. Desvaloriza o dólar porque amplia a procura por títulos financeiros nacionais, já que as taxas de juros praticadas pelo Banco Central, são nove vezes e meia mais caras do que a do resto do mundo.
O que já fazem os grandes investidores e continuarão a fazer, capitam recursos nas economias desenvolvidas à taxas de juros subsidiadas e trazem para o país, para comprar títulos no mercado financeiro, isto amplia a procura por real e reduz a demanda por moeda estrangeira, dentre elas o dólar. Esta reengenharia atingi em cheio as exportações que embora venham se recuperando a passos lentos, em face da recuperação das economias diante da crise financeira internacional, ainda estão muito aquém da quantidade exportada no período anterior a crise.
Os técnicos do Banco Central não sabem disso? Sabem, mais jogam com a falta de conhecimento de grande parte da população em relação ao impactos negativos, de se elevar a taxa de juros em um contexto de crise financeira mundial, pois ela ainda não acabou como defendem os tecnocratas.
A economia americana e européia, cujo o epcentro da crise se fez e ainda encontra-se mais presente, buscam o equilíbrio do binômio inflação/crescimento, com políticas expansionistas, mirando o curto, o médio e, o longo prazo, diferentemente da brasileira, cuja saga tem passado necessariamente por uma política de juros crescentes, quando comparados à de outras economias que integram o mercado mundial.
Eis aí mais um capítulo na história econômica do país, para a reflexão da sociedade. Será que não existe outro caminho?

Disponível em: www.dm.com.br

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