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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Crise: balança comercial goiana

A crise financeira mundial afetou todos os mercados, trouxe prejuízos para algumas empresas e ganhos para outras. Entre as empresas que enfrentam dificuldades estão as que atuam nos mercados de exportação e também aquelas que se dedicam apenas ao mercado interno.

A política econômica tem um viés bastante conservador, elegeu a inflação como prioridade enquanto o crescimento econômico dentro deste modelo é tido como subproduto.

A preferência do governo federal por alguns setores da atividade econômica considerados pelos tecnocratas como mais dinâmicos, fez esboçar na economia nos últimos três meses, os primeiros sinais de recuperação. A preocupação fica para quando os subsídios forem extintos. Serão? Sim, quando? Com a aprovação do Substitutivo de Reforma Tributária em discussão no Congresso Nacional? Será que o desempenho no segmento de veículos, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, materiais de construção e daqueles voltados às exportações serão os mesmos? Tudo indica que não, aí mora o verdadeiro perigo que tudo não passe de um castelo de areia a beira da praia.

Você fala tanto em incentivos e benefícios fiscais, que me leva a perguntar qual a contribuição destes subsídios em tempos de crise como a que estamos vivendo para a economia? São eles que se colocam como compensação para que a prática de taxas de juros muito acima da média de juros pagos na economia internacional não se coloque como obstáculo a produção com destino aos mercados interno e externo.

A isenção ou redução do IPI, tem o mesmo efeito para o mercado que a redução ou isenção do ICMS. Por que o governo federal pode fazer concessões fiscais e os governos estaduais e municipais não podem. A guerra fiscal quando há redução do IPI fica ainda mais latente, haja vista que nem todos os segmentos são contemplados, permitindo com isso a recuperação em tempos de crise de setores específicos em detrimento de outros.

Os resultados em termos de indicadores alcançados pelo Estado de Goiás são relevantes por que não há discriminação, todos os segmentos são beneficiados. Só não fazem uso dos incentivos e benefícios fiscais no estado, os segmentos representativos como os de micro e pequenas empresas, que ainda não se dispuseram a ler e a entender a legislação, para em seguida informar a seus membros e filiados, que eles também podem também ser beneficiários dos programas de incentivos e benefícios fiscais no âmbito das secretarias de Indústria e Comércio e de Fazenda, no Estado.

Se isto estivesse sendo feito por exemplo: panificadoras, serralherias, fábrica de móveis, confecções e outros segmentos importantes poderiam já estar utilizando destes subsídios desde o ano de 2000, quando foi criado o Programa de Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás - Produzir e seus derivados: Microproduzir, Logproduzir, Centroproduzir, Tecnoproduzir e ComexProduzir, este em particular responsável diretamente pelos resultados alcançados por nossa Balança Comercial no último mês de março.

Para se ter uma ideia, as exportações goianas cresceram 39% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação da Secretaria do Planejamento do Estado de Goiás, as exportações goianas não tomaram conhecimento da crise naquele mês devido à retomada das importações chinesas e russas dos produtos goianos.

O complexo soja, foi responsável por 44,5%, do total exportado, seguido de perto pelo complexo carne, com 23,2%, seguidos de sulfetos de minérios de cobre com 9,0%, ferro ligas 4,5% e ouro com 4,1%. Na verdade o carro chefe das exportações goianas ainda são os produtos provenientes do agronegócio, que foram responsáveis por 76,3%, o setor mineral participou deste resultado com 20,4%.

As importações em que pesem a retração da demanda mundial ainda assim alcançaram um resultado positivo, tendo crescido 25,1%, ao mesmo período do ano passado.

O destaque ficou para o segmento de veículos, tratores e seus acessórios com 44,6%, produtos farmacêuticos com 15,6%, reatores nucleares, caldeiras e máquinas com 12,8% e o de máquinas, aparelhos e materiais com 7,9%.

Com isso a Balança Comercial goiana encerrou o primeiro trimestre com um superávit de US$ 31,7 milhões. As vendas externas goianas acumularam US$ 624,6 milhões com acréscimo de 0,60% e as compras US$ 592,8 milhões, a corrente de comércio, proveniente do somatório das exportações com importações alcançou no período US$ 1,21 bilhão.

Os principais compradores de produtos goianos no período foram: China com 20,4%, Países Baixos (Holanda) e (Espanha) com 6,5%, Índia 5,5% e Suíça com 4,9%. Enquanto que as economias vendem os principais produtos para o desenvolvimento da atividade econômica goiana foram: Coreia do Sul com 28,4%, Japão 15,3% e Estados Unidos com 12,7%.

Eis aí um dos legados da política de desenvolvimento regional do Estado centrada em incentivos e benefícios fiscais. Espero que, além da Adial Brasil, outras entidades passem a serrar fileira com esta para que o modelo de reforma tributária proposto não venha a ser aprovado. Ele garante os subsídios fiscais apenas até 2020, pergunto e depois como ficará a economia goiana com um mercado que representa apenas 15% do mercado do Estado de São Paulo? As empresas ficarão em Goiás?


Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/crise_balanca_comercial_goiana

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