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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um balanço da economia brasileira

Os índices de inflação oficiais que se mostraram aquecidos no final do ano e nos primeiros dois meses do ano em curso puxados pelos preços administrados já iniciaram processo de redução pelo comportamento em março dos preços livres. A desaceleração do IGP-DI teve como causa o comportamento do seu principal componente, o índice de preços no atacado de disponibilidade interna, que recuou, de 9,80% em dezembro para 7,39% em fevereiro.

O comportamento do Produto Interno Bruto no ano sofrerá influência direta da crise financeira internacional, que o diga o estado em que se encontra a produção industrial. Independente do crescimento de 2,3% alcançado em janeiro, o comparativo com o mesmo período do ano passado já mostra sinais de retração. O recuo foi de 18,4% na indústria extrativa e de 17,2% na de transformação.

Segundo o IBGE, a indústria de bens de capital, que caira 23% em dezembro, iniciou processo de recuperação em janeiro, obtendo um crescimento de 8,4%. Mesmo fato não ocorreu com outros segmentos. A produção de bens e serviços intermediários caiu em dezembro 12,4%, tendo crescido apenas 0,8% em janeiro; a de semiduráveis teve queda em dezembro de 3,9% e recuperação de apenas 0,3% em janeiro. Já a de bens de consumo duráveis apresentou queda no período de 32,9% e recuperação de 38,9% em janeiro, puxada pelas concessões do governo federal sobre o IPI. Como já dissemos em edições anteriores, o fraco desempenho da atividade industrial é devido à retração do crédito e da manutenção das taxas de juros acima do que se pratica no mercado externo.

A taxa de desemprego acima de 8,0% continua alta e reflete o momento principalmente vivido pela atividade industrial e também por um dos principais componentes do setor de serviços, a atividade comercial. As demissões, como mostrou o Caged na pesquisa de março, praticamente têm anulado as admissões. O crescimento de apenas 0,11% em relação a fevereiro mostra as dificuldades encontradas por este segmento.

O agravamento ainda mais desta situação pode ser percebido com a queda na utilização da capacidade instalada das empresas, que alcançou 78,1% em janeiro. Isto demonstra que menos fatores de produção foram mobilizados na atividade produtiva, explicando também o aumento das taxas de desemprego.

O saldo da Balança Comercial apresentou estabilidade no acumulado dos últimos doze meses, o recuo para US$ 23,3 bilhões em janeiro foi compensado em fevereiro, cujo saldo ficou US$ 24,2 bilhões. A oscilação se deve à apreciação das taxas de câmbio em razão da aversão ao risco pelo agravamento da crise financeira internacional.

O cenário macroeconômico ainda se mostra bastante nebuloso, em que pesem as medidas de política fiscal tomadas pelo governo federal no intuito melhorar as relações comerciais e de produção no mercado interno. Na verdade, os empresários em uma economia globalizada não tomam decisão olhando apenas a economia doméstica; a conjuntura econômica externa tem um peso considerável nestas decisões, até porque a grande maioria das empresas vislumbrem outros mercados.

O estresse por que passam os mercados dos Estados Unidos da América e da Europa, diante das dificuldades impostas pelos mercados financeiros internacionais, ainda se mostra bastante significativo nas economias emergentes, razão pela qual as ações do governo federal no Brasil têm causado efeito satisfatório em setores pontuais, leia-se: veículos e construção civil.

Os demais segmentos da atividade industrial recente de decisões importantes que envolvem o sepultamento do substitutivo de reforma tributária, em discussão no Congresso Nacional, haja vista envolve a extinção ou não dos incentivos e benefícios fiscais no País.

A questão envolvendo estes subsídios fiscais vem sendo tratada por este autor em inúmeros artigos, no intuito de alertar as autoridades constituídas, para a gravidade do problema. Se não fossem pela aplicabilidade destes incentivos e ou benefícios nos Estados que integram a federação brasileira, a situação envolvendo todos os indicadores socioeconômicos aqui tratados seriam ainda piores.

Não se pode abrir mão da autonomia dos Estados para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento regionais, haja vista que estas têm contribuído para o crescimento considerável das receitas tributárias, em que pesem a redução na cobrança da atividade produtiva do ICMS. O aumento da arrecadação se dá pelo aumento do faturamento das empresas, em razão da competitividade alcançada por seus produtos no mercado local, interestadual e internacional.

O governo ganha as empresas também e os trabalhadores vêm a maioria de seus empregos preservados. Há demissões? Há como nos setores também incentivados pelo governo federal via IPI. Há como pactuar para que empresas que conseguem incentivos e benefícios fiscais do governo estadual e federal preservem os empregos mesmo em tempos de crises? Há, desde que os parâmetros de concessões destes subsídios sejam ajustados. É possível fazer isto? É, desde que novos projetos de lei ou mesmo aditivos a estes sejam encaminhados e votados favoravelmente nas Casas de Leis, das três esferas de governo.

Fica aí algo a se pensar.

Disponível em: http://www.dmdigital.com.br/index2.php?edicao=7837

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