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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

MISTURA EXPLOSIVA: DÉFICIT PÚBLICO, TAXAS DE JUROS ELEVADAS E VALORIZAÇÃO DO REAL

O comportamento das contas públicas no Brasil, em que pese o processo de ajuste fiscal experimentado desde a implantação do “Real”, têm se colocado como vilão da valorização do real e por conseguinte da desvalorização do dólar.
Por quê isto ocorre? Porque o déficit público, vem sendo financiado pela poupança externa, alimentada por uma das maiores taxas de juros praticadas na economia globalizada.
Não entendi, como alimentada? O descontrole dos gastos públicos, faz com que o país necessite de recursos para cobrí-los. Neste sentido atendendo as orientações ainda do Consenso de Washington, os governos brasileiros já utilizaram deste receituário e ainda utilizam a manutenção de juros nominais e reais muito acima dos praticados em outras economias, para cobrí-los. O resultado deste processo está no aumento contínuo do fluxo de capital internacional para o mercado de ativos financeiros no país.
A busca por ativos financeiros nacionais valoriza a moeda nacional e desvaloriza a moeda estrangeira, uma vez que faltam reais e sobram dolares também no mercado nacional, uma vez que este movimento nos últimos mêses têm sido recorrentes em praticamente todos os mercados.
Países como a Índia e China, têm taxas de câmbio administradas pelo seus Bancos Centrais, podendo interferir a qualquer hora neste mercado sem gerar quebra de contrados, diferente de outras economias ocidentais como a do Brasil, que desde a crise asiática em 1999, adotou o regime de taxas de câmbio flutuantes. Pelas razões expostas a China, vem se colocando como entrave ao comércio internacional, uma vez que por manter sua moeda desvalorizada e ainda, contar com fortes subsídios governamentais, pratica preços dífíceis de serem superados por outras economias, por esta razão já acumula um grande superávit em suas transações correntes, fortalecendo a cada dia suas reservas internacionais.
No Brasil as reservas internacionais superam a casa de US$ 280 bilhões de dólares, permitindo ao Banco Central, fazer intervenções no mercado de câmbio, para conter o processo de desvalorização da moeda americana, frente a nacional. Desde a crise financeira mundial US$ 38 bilhões de dólares, já foram gastos no mercado a vista e futuro, com opção de recompra, para tentar diminuir as especulações neste mercado, no entanto ainda não conseguiu seu objetivo.
Por quê o Banco Central têm tido este comportamento? Para manter os níveis de exportações dos produtos brasileiros para os diversos mercados. No entanto ao comparar o saldo de nossas exportações em outubro deste ano, com o mesmo período de 2009, percebe-se uma queda de 38% . Portanto o déficit público brasileiro (Receitas – Despesas), vem forçando a manutenção das taxas de juros que remuneram os títulos públicos em 10,75% ao ano, enquanto no mercado americano a mesma é de 0,25%, colocando em cheque nossas exportações.
A diferença entre as taxas de juros praticadas no mercado brasileiro com as praticadas no mercado externo, têm pressionado as taxas de câmbio desvalorizando o dólar e valorizando o real.
Por incrível que pareça a ação do governo americano de inserir US$ 600 bilhões de dólares em seu mercado local, nos próximos oito meses, para alavancar sua economia interna, pode não surgir o efeito esperado pela atuação tanto no mercado cambial como monetário de dois países, que se colocam como emergentes no contexto do BRIC’S, ou seja China e Brasil.
O primeiro por manter o “YUAN”, desvalorizado em relação ao dólar e o segundo por manter taxas de juros elevadas em seu mercado interno, promovendo uma desvalorização de 37% da moeda americana em relação ao “REAL”, contextando assim já no encontro da Coréia, a eficácia da mesma de se manter como moeda hegemônica, chegando ao ponto de defender sua substituição por uma cesta de moedas, estando aí inclusa a nossa.
Na verdade as economias que ditaram as regras aos países considerados emergentes a partir do “Consenso de Washington” e aquelas que dele fizeram parte, estão provando do próprio veneno alí destilado. A americana com queda na atividade econômica interna e possibilidade de perda da hegemonia externa, a brasileira pagando caro por manter elevados índices de déficit público, este fato têm elevado sua dívida pública interna, reduzido sua capacidade de investimentos em infraestrutura tornando o custo médio de colocação de seus produtos no mercado externo da ordem de US$ 75,00 dólares, enquanto os países que integram o grupo de desenvolvidos colocam estes mesmos produtos na razão de US$ 15,00 dólares, talvez isto explique nossa pífia participação de 2% no mercado externo.
Concluindo, o processo de gestão dos recursos públicos no Brasil tem alimentado uma mistura explosiva, que a médio e longo prazo, poderá colocar em choque o nosso processo de crescimento e de manutenção da estabilidade.

Disponível em: www.dm.com.br

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