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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Brasil: consumo X endividamento

As economias de maneira geral dependem de dois fundamentos básicos para se consolidarem no sistema capitalista: investimentos e consumo. Os investimentos permitem que as empresas modernizem seus processos de produção, tornando seus produtos mais competitivos, mas também permitem que as nações melhorem sua infraestrutura, garantindo com isto a formação e o deslocamento de unidades de produção para seus espaços econômicos.

O consumo, por sua vez, dá vazão aos produtos provenientes destas unidades empresariais nos mercados, satisfazendo não só as demandas das famílias, como a dos próprios governos. Na composição do produto agregado de uma economia, tanto o consumo das famílias como o consumo do governo exercem papel fundamental, se juntam a estes, a inversão bruta de capital fixo, as exportações menos as importações.

No Brasil não ocorre diferente dos outros países, quando a economia se aquece, mais recursos entram no mercado de bens e/ou serviços, por um lado favorece a geração de empregos, por outro exerce pressão nos índices inflacionários, já que historicamente a demanda supera a oferta de bens e serviços por maior que estas sejam.

Quando ocorre o desaquecimento, as posições das forças de mercado se invertem, sobram produtos em face da redução da demanda, neste sentido o governo promove políticas fiscais, no sentido de reduzir custos operacionais e estimular o consumo.

No ano que se findou, fato semelhante ocorreu devido aos efeitos da crise financeira internacional que abalou os mercados mundiais com reflexos negativos para a economia brasileira. A princípio, os níveis de crédito se retraíram, puxando para baixo os investimentos e o consumo. A economia praticamente parou, fruto da incerteza que pairava sobre os mercados.

Nesse momento o Estado brasileiro adotou uma política monetária expansionista com vistas a recolocar a economia na trilha do crescimento, reduziu os juros que remuneram os títulos públicos, isentou do IPI produtos provenientes de setores que funcionam como multiplicadores de renda, colocou o programa de aceleração do crescimento na ordem do dia, enfim, de uma maneira ou de outra, procurou estimular o consumo, ao assim fazer pensou que pudesse de forma indireta estimular os investimentos.

Na verdade isto não se verificou no primeiro semestre, haja vista que as taxas de juros do Banco Nacional de Desenvolvimento Social permaneceram acima de 10%, elevando a relação custo/benefício, resultado caiu a produção industrial, elevou o desemprego e a economia não reagiu a contento.

Para estimular a economia, o que fez o governo central? Vendeu para o trabalhador que a crise não passava de uma marola e que o País não seria afetado, por esta razão as pessoas poderiam consumir que o cenário de crise ficaria concentrado na América do Norte, Europa e Ásia. Acreditando no governo, as pessoas foram às compras e se endividaram. Foram atraídas por parcelamentos longos que cabiam dentro de SUS bolsos.

Os consumidores brasileiros usaram e abusaram dos cheques especiais e dos cartões de crédito, por um lado exerceram papel preponderante na retomada do crescimento da economia nos trimestres subsequentes ao início do estado de crise, por outro comprometeram suas rendas além da conta, resultado, houve aumento da inadimplência e dos níveis de endividamento.

Para se ter ideia da dimensão do estrago, Goiás, a nona economia do País, é a sexta em endividamento, em média cada pessoa deve cerca de R$ 3,5 mil reais, por mês no Estado, comprometendo 30% de sua renda, devendo se livrar da conta mensal só daqui a cinco anos, se nada de errado ocorrer, como, por exemplo, perda de emprego, o que não é de se estranhar, já que em grande parte dos municípios que compõem o Estado, as demissões acabaram sendo maiores do que as admissões, situação esta que se verificou em todas as unidades da federação.

Concluindo, a melhor saída é comprar à vista e, quando usar o crédito, pagar a fatura total no vencimento, caso contrário o que, a princípio, foi prazer no dia a dia se torna um pesadelo.

Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/brasil_consumo_x_endividamento

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