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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Balança comercial goiana em queda livre

A análise da balança comercial goiana no mês de novembro do ano que se findou deve levar em conta a combinação de dois fatores essenciais, primeiro os efeitos da crise financeira internacional sobre a demanda internacional e as depreciações do dólar frente ao real. Os efeitos da crise como já dissemos em outras oportunidades afetou um dos fundamentos importantes para a continuidade do crescimento de qualquer economia: os investimentos, estes são responsáveis pela modernização dos parques industriais, já que as máquinas e equipamentos ao serem substituídas por novas ampliam, qualificam e melhoram substancialmente a produtividade nos setores que o priorizam.

Para que isto ocorra de forma contínua, o crédito deve ser abundante, tornando os investimentos menos onerosos. A crise gerou insegurança no mercado mundial, com esta houve a retração dos dos créditos e por conseguinte dos investimentos, como resultado se teve o recuo da produção e do consumo em escala mundial. Em um segundo momento, o que pesou para os resultados não serem tão expressivos em termos da balança comercial foi a depreciação do dólar frente ao real, movimento este que amplia os espaços no mercado para importações em detrimento das exportações. Segundo a Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação da Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás, em novembro do ano passado, o saldo da balança comercial goiana foi deficitário em US$ 12,9 milhões o mesmo fato verificado em outubro daquele ano.

As exportações no período, comparadas com as do mês anterior, apresentaram queda de (10,51%). No mês os principais itens da pauta de exportações foram provenientes do complexo carne, com (26,6%0 e pelo complexo soja com (23,01%). Detalhe: ambos apresentam baixa agregação de valor. No caso específico da soja, como o mercado é controlado por tradings, dificilmente as políticas de subsídios fiscais serão suficientes para quebrar estas regras, já que os financiamentos para o plantio advêm na sua maioria de grandes oligopólios do setor que guardam relações diretas com as empresas sediadas no estado.

A política regional que prima por uma maior agregação de valor esbarra na força do mercado comprador, que deseja muito mais produtos “in natura”, advindo do agronegócio, do que com maior valor agregado, por esta razão o perfil dos nossos produtos pouco se modificam ao longo do tempo.

As importações por sua vez vêm sendo beneficiadas pela política monetária do governo, que prioriza o fluxo de capital para o País via mercados financeiros. Sob a defesa de manutenção dos índices de inflação abaixo de um dígito, o Banco Central trabalha com juros internos muito acima da média praticada nos mercados externos. Este fato leva empresas a tomarem recursos no exterior e investirem em ativos financeiros nacionais, isto valoriza o real e desvaloriza o dólar. Se por um lado mantêm os níveis de inflação baixos, por outro comprometem as exportações, favorecendo com isso o deficit da balanaça comercial.

As importações em novembro somaram US$ 265,5 milhões, os principais produtos importados foram: veículos automóveis, tratores e peças com (47,66%), seguidos de reatores nucleares, caldeiras e máquinas com (14,0%) e produtos farmacêuticos com (11.71%). Sob este seguimento, cabe uma ressalva tal como ocorre com o complexo soja, dificilmente conseguiremos resultados mais expressivos do que já obtivemos, pois as políticas de subsídios fiscais são insuficientes para criarmos um polo farmoquímico, para que isto ocorra se deve gerar princípios ativos no Estado, o problema é que pesquisas neste sentido não saem por menos de US$ 1,0 milhão de dólares, até lá para movimentarmos nosso polo farmacêutico sempre dependeremos de importar os insumos para produção dos medicamentos.

O governo estadual tem feito sua parte, no entanto deve-se somar a este os esforços da iniciativa privada e do governo federal. As políticas públicas de subsídios fiscais devem a cada dia estar mais amarradas a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, para que começemos a virar o jogo, saindo da condição de exportadores de commodities, para produtos de maior valor agregado, com isso em que pesem a apreciação da taxa de câmbio, poderemos ser mais competitivos, trocando deficits por superavits, em nossa balança comercial.


Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/balanca_comercial_goiana_em_queda_livre

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