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sábado, 28 de março de 2009

Nem tudo são flores

Na esteira da crise financeira internacional, muitos foram os setores afetados na atividade econômica, ampliando assim os problemas anteriores a este processo de estrangulamento das economias, depondo principalmente contra o emprego e os níveis de renda em uma ciranda global.
As maiores perdas ocorreram no setor financeiro, ocasionando o fechamento de instituições financeiras de grande peso no mercado americano e causando estragos em toda União Europeia. O continente asiático, puxado pela China e, em um segundo plano, pelo Japão, também se sentiu ameaçado.
Os maiores problemas da crise vieram com os estoques, conhecidos como os maiores vilões dos preços e taxas de lucros das empresas, que atuam em uma economia de mercado. Estoques altos significam excesso de oferta e baixa demanda. O risco dos empresários assenta a princípio no fato de se verem obrigados a reduzir seus preços e, consequentemente, suas margens de lucro. Mantendo após estas ações seus estoques ainda permanecendo altos, não veem outra alternativa senão a de reduzir ainda mais seus preços, suas taxas de lucro e, porque não dizer, o número de empregos diretos, também conhecidos como aqueles cujos trabalhadores detêm suas carteiras assinadas.
Não obstante as novas ações, permanecendo os estoques, não restará outra alternativa senão a de reduzir os seus preços abaixo dos preços de custo e fechar suas portas; taí um dos grandes problemas de uma economia em recessão ou que porventura venha a caminhar para ela.
Assim ocorrendo, caem a renda dos empresários, as receitas tributárias e previdenciárias dos governos e, o pior, postos de trabalho são fechados. A princípio se aumenta a informalidade, o agravamento ainda mais da situação passa a refletir na segurança dos cidadãos, já que pais de filhos famintos não veem outra alternativa senão a de se lançar na marginalidade.
Ao se verem mergulhados no fundo do poço, agarram a primeira oportunidade que aparece nestes locais e passam do furto de pequenos bens, para saciar a fome de seus filhos, a integrantes de quadrilhas organizadas que atuam em todos os ramos, principalmente os relacionados às drogas. O resultado assistimos quase todos os dias nos crimes praticados nas grandes cidades, cuja divisão entre ricos e pobres é cada vez mais latente.
A solução para questões como estas não está só no armamento dos setores policiais, mas sobretudo em criar condições de inclusão social pela produção. Produção que, por sua vez, casa com taxas de juros subsidiadas, carga tributária reduzida, subsídios fiscais, enfim, situações que se traduzam em ganhos de oportunidade para que os recursos das empresas desloquem também dos mercados financeiros ou de paraísos fiscais e adentrem os setores produtivos, mobilizando ainda mais os fatores de produção.
O reflexo direto desta opção pela produção pode ser visto nos efeitos multiplicadores que permeiam estas economias e que se materializam em abertura de novos postos de trabalho com carteira assinada, aumento das receitas tributárias e previdenciárias dos Estados, maior consumo, novos investimentos e maiores níveis de renda.
Como nem tudo são flores, em tempos de crise oportunidades se fecham e oportunidades se abrem. A necessidade de olhar o macro e tomar as decisões no micro abrirá portas para mais e mais economistas, cuja finalidade de contratação está em dar aos empresários as melhores condições para a tomada de decisões, no que tange a realização ou mesmo a manutenção de seus investimentos.
Para que as empresas se estabeleçam em tempos de crise e mesmo fora delas, irão necessitar também de um setor contábil diferenciado, que, muito mais do que debitar e creditar, possa auxiliar os empresários na tomada de decisões através de análises e controles gerenciais permanentes.
Portanto, o que é bom para um segmento pode ao mesmo tempo não ser para outro. A melhor maneira de trabalhar para vencer os obstáculos colocados nos mercados é acreditar que produzir de olho nas demandas destes mercados é melhor do que alimentar as condições de especular. A riqueza formada nos setores produtivos combina lucros com oportunidades de inclusão social, sem a necessidade de políticas por parte dos governos de caráter assistencialista, que na verdade em todas as esferas de poder tem muito aspecto eleitoreiro do que propriamente de inclusão.
Se fosse o contrário, ano após ano, as necessidades assistencialistas seriam reduzidas pela entrada dos trabalhadores que se encontravam à margem da sociedade na atividade produtiva, tendo em vista que, no período em que recebiam assistências por parte das administrações públicas, viessem a de fato se capacitar para o atendimento crescente das demandas dos mercados.
Tanto no Bolsa Família quanto nos programas de assistência estaduais, como o cartão Renda Cidadã, vemos o contrário. Recursos do Fundo e Amparo do Trabalhador são gastos para capacitar pessoas nestas condições na maioria das vezes em habilidades cujos mercados estão cheios ou mesmo em funções que estes mesmos mercados já não demandam.
O resultado está no aumento de necessitados e não em sua redução. Nada contra este tipo de programa, desde que ele de fato inclua trabalhadores no mercado. Agora, continuar servindo como muleta para grande parte da classe política se perpetuar à frente dos poderes Legislativo e Executivo no País, não terão deste autor o mesmo apoio e muito menos da população.
A lógica está em propiciar meios para que o número de empregos cresça nas economias e que os trabalhadores estejam aptos a buscá-los nos mercados e não que os programas assistencialistas alimentados por políticas monetárias restritivas continuem ampliando os bolsões de miséria e a dependência de políticas populistas nas economias de modo geral.

Disponível em: http://www.dmpress.com.br/materias/show/t/nem_tudo_so_flores___jlio_paschoal

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