Visitantes

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Produção industrial

O ambiente macroeconômico vivenciado no último quadrimestre do ano de 2008, em que pesem, as ações acertadas, tomadas no tempo e na hora, pela autoridade monetária, não foram capazes, de evitar perdas na atividade industrial e por conseguinte, no emprego e nas horas extras pagas ao trabalhador, neste setor.

No período foi observado também, um menor dinamismo, nas comparações livres de influências sazonais, neste sentido e pelo terceiro mês consecutivo, foram negativas em relação ao mês anterior, as taxas de emprego e do número de horas trabalhadas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o valor real da folha de pagamento dos trabalhadores da indústria, ajustado sazonalmente recuou 0,7%. O acumulado no período apresentou queda de 3,6%.

No comparativo com iguais períodos do ano anterior, os resultados ainda foram positivos: 4,1% no indicador mensal, 4,3% no trimestre e 6,0% no acumulado do ano. Para o acréscimo no indicador mensal, doze de quatorze localidades pesquisadas, apresentaram resultados positivos, destaque: São Paulo 6,0%, impulsionado pelos meios de transportes 8,3%, máquinas e equipamentos 8,2% e produtos de metal 14,4%, seguido de Minas Gerais com 4,1% e o Paraná com 5,4%.

Nestas unidades da Federação os maiores ganhos salariais vieram dos segmentos de transporte 31,6%, máquinas e aparelhos eletrônicos e de comunicações 24,9%, além de outras máquinas e equipamentos 15,3% e alimentos 8,4%. As perdas ocorreram apenas no Rio Grande do Sul (-1,1%), por exemplo, no segmento de alimentos e bebidas o desempenho foi de (-12,9%) enquanto que no de calçados (-4,3%).

Os resultados verificados setorialmente foram positivos, tendo em vista que, neste caso a folha de pagamento real aumentou em quinze de dezoito setores fabris existentes, sendo que os melhores resultados foram alcançados nos setores de transportes 10,5%, máquinas e equipamentos 8,2%, produtos de metal 10,2%, e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações com 7,1%, tendo as retrações sido verificadas no segmento de vestuário em (-14,0%) e madeira (-4,3%).

A análise trimestral também apresentou resultados positivos no tocante ao valor real da folha de pagamento isto em razão do setor industrial. Nos últimos vinte períodos de comparação houve crescimento, no entanto a crise, acabou tendo influência negativa para o fechamento do comparativo, com o período anterior, do terceiro e quarto trimestre. O terceiro trimestre, apresentou desaceleração de (7,1%) enquanto que no quarto, esta foi de (4,3%) em 2008.

Portanto no fechamento do ano passado a contabilidade da crise foi a seguinte: doze localidades e treze ramos de atividade econômica, apresentaram quedas significativas em seu ritmo de produção, destaque: Produtos Químicos (14,3%), meios de transporte (4,7%) e metalurgia básica com (6,9%).

As localidades em que houve maior desaceleração foram pela ordem: Paraná (4,0%), Minas Gerais (3,7%) e São Paulo (3,6%). Estados onde se encontram os maiores mercados consumidores do país e por conseguinte número expressivo de trabalhadores. Isto explica o fato de que alguns sindicatos presentes nestes cortes geográficos estarem negociando com segmentos industriais redução de salários e de horas trabalhadas como mecanismo para evitar novas demissões. Caso haja o agravamento da crise, sobretudo nos dois primeiros trimestres deste ano, as concessões que vem sendo feitas por estes sindicatos, tende a ocorrer também fora do centro dinâmico da economia brasileira.

Na verdade, uma instabilidade no setor de produção tende a reduzir os dividendos advindos do setor, com isso a compensação vem na forma de desemprego, normalmente quem paga a conta dos desarranjos na economia são os trabalhadores.

Na verdade, uma instabilidade no setor de produção tende a reduzir os dividendos advindos do setor, com isso a compensação vem na forma de desemprego, normalmente quem paga a conta dos desarranjos na economia são os trabalhadores.

O problema é que o aumento do número de desempregados no País afeta diretamente aqueles que estão empregados. Isto porque o excesso de mão-de-obra ociosa acaba fazendo que os trabalhadores tenham dificuldades de negociar melhorias salariais em suas datas-base. A tendência neste caso é de substituição, do trabalhador que ganha mais por aquele que ganharia menos por se encontrar desempregado.

Em que pesem os problemas até aqui mencionados, o indicador acumulado no ano apresentou 6% de incremento real na folha de pagamento em todos os locais pesquisados, mostrando que os resultados positivos alcançados de janeiro a junho acabaram amortecendo o desempenho negativo dos dois últimos trimestres do ano passado.

Os melhores desempenhos dos primeiros seis meses do ano, no que tange a folha de pagamento real, também ocorreram nos centros mais dinâmicos da economia brasileira, destaque a : São Paulo 7,0%, e Minas Gerais 9,0%, sendo que o desempenho positivo ficou por conta dos seguintes setores: Meios de transporte com 11,2%, produtos químicos 15,1%, e minerais não metálicos com 19,1%. Seguindo a mesma tendência em termos de produção, a massa salarial foi expandida nos seguintes setores da atividade econômica: meios de transportes, com aumento de 11,7%, máquinas e equipamentos 8,1% e produtos de metal com 13,0%. O lado negativo ficou por conta de segmentos ligados a indústria de bens de consumo leves: calçados e artigos de couro (-6,1%), papel e gráfica (-2,4%). Setores cujo peso não é tão grande no centro-sul do país, tendo em vista o baixo processo de acumulação de capital proveniente destes, quando comparados com o montante de capital advindo de segmentos de bens semiduráveis e duráveis.

A indústria brasileira no mês de dezembro de 2008 apresentou queda de (-12,4%), tendo sido este, o pior desempenho desde 1991, já extraído deste para fins de comparação com novembro os efeitos sazonais.

O desempenho apresentado no último mês do ano foi fruto de forte retração desta atividade quando da eclosão dos primeiros sinais da crise ainda no mercado americano. Para se ter idéia de sua gravidade, só o setor de material eletrônico e equipamento de comunicações teve queda de (-48,8%), seguido de perto pelo de veículos automotivos com queda de (-39,6%), borracha e material plástico (-20,1%), máquinas e equipamentos com (-19,21%), metalurgia básica (-18,2%), indústria extrativa (-11,2%) e outros produtos químicos (-9,0%), pode se atribuir estes resultados a redução de crédito verificado no período e também à queda na exportação de commodities.

Goiás, pelo fato de ainda se encontrar no desenvolvimento da primeira fase do processo de industrialização, dando ênfase em sua matriz industrial a produtos provenientes de bens de consumo leves, sentiu menos no período os efeitos da crise que ora assola a economia mundial.

Neste sentido livre de comparações sazonais, apresentou no mês de dezembro próximo passado uma variação positiva de 0,4% em relação a novembro. A atividade industrial goiana aumentou 1,1% no indicador mensal após ter recuado 1,4% em novembro. O destaque positivo ficou por conta de minerais não metálicos que cresceu 15,5%, metalurgia básica 7,4% e alimentos e bebidas 0,8%, tendo sobressaído a fabricação de cimento; ferronióbio e farinhas e pellets derivados de soja., as maiores quedas ocorreram no segmento de produtos químicos com (-8,34%) e extrativa mineral com (-0,5%), devido a queda na comercialização de adubos e fertilizantes, matéria prima importante para movimentar o principal setor no Estado, o do agronegócio.

Concluindo, a política industrial tem um grande peso na formação de riqueza do país, quando se encontra em alta os indicadores de emprego e renda, apresentam desempenhos satisfatórios. Quando cai como verificado em dezembro do ano passado, o efeito nos mesmos indicadores é o contrário. Mais uma vez chamo a atenção para a importância da manutenção dos incentivos e benefícios fiscais, se não fossem eles o resultado, da política industrial para efeitos de geração de renda e emprego na economia como um todo teria sido ainda pior.


Disponível em: www.dm.com.br/impresso/7771/opiniao/64314,producao_industrial

Nenhum comentário:

Postar um comentário